quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

MORAR NO EXTERIOR

Um ponto de destaque cada vez maior no currículo

Por Alexandre Peconick
Ter o mundo às mãos vale muito quando o assunto em trabalhabilidade
  Não há nada mais enriquecedor em termos de versatilidade no mercado de trabalho do que dormir, acordar e viver o dia a dia em um outro país, longe de "papai" e "mamãe", ou bem distante da "turminha do clube ou da faculdade". Se morar no exterior já era uma experiência que agregava muito aprendizado cultural a qualquer profissional, hoje em dia, com a quase não existência de fronteiras graças à tecnologia da informação, viver em outro país é um fator diferencial quando se lê um currículo ou quando se conversa com um candidato em processo seletivo.

  Desenvolver a flexibilidade, apurar o olhar criterioso, quebrar paradigmas e pré-conceitos e ampliar os horizontes de análise de qualquer fato são conquistas importantes daqueles que têm a mínima chance de viver em um país com uma cultura distinta; seja este país os Estados Unidos, a França, a Itália, a Argentina o Zaire, o Egito, o Japão, a Austrália, ou qualquer outro. Não importa muito a condição econômica ou a língua falada, ou o que se vai fazer por lá. É vital, no período em que se vive no exterior sugar tudo o que for possível em termos de hábitos e vivências locais.

  Afinal, os diferenciais de um perfil profissional há muito tempo não são mais os mesmos. O próprio idioma estrangeiro fluente (predominantemente o inglês, ou o francês), considerado decisivo em algumas seleções há alguns anos, tornou-se uma condição básica especialmente em alguns segmentos de negócios. Em seu lugar, entra em cena a vivência no exterior como diferencial e vantagem competitiva. Mais do que falar com desenvoltura o inglês, aquele que morou no exterior pôde desenvolver uma percepção mais aguçada do ritmo do falar e ouvir, do tempo certo de cada situação de conversação ou mesmo das entonações mais adequadas para uma rodada de negócios, por exemplo.

  A demanda por profissionais experientes no contato com pares e clientes estrangeiros aumenta em função da intensa globalização de negócios e serviços vivenciados pelas empresas brasileiras. Cada vez mais, a experiência adquirida em um país diferente conta em um processo seletivo. Essa vivência permite ao colaborador desenvolver sua capacidade de adaptação a novas situações, além de ampliar sua visão para compreender as necessidades de clientes e pares de diferentes contextos culturais.

  Para as empresas, um profissional com experiência fora do Brasil mostra-se capaz de enfrentar grandes desafios e de articular contatos externos. A experiência "fora de casa" capacita o profissional para atividades desafiadoras de abrangência mundial. Na avaliação de alguns ramos de negócio, como o de serviços, o profissional globalizado é ideal para se relacionar com outras culturas, pois a diplomacia é um item bastante importante neste segmento.

  Porém, embora a vivência seja um fator chave na contratação, a qualidade de aproveitamento da experiência é o que mais se destaca em um currículo, principalmente para posições mais seniores. Há casos em que o profissional passa alguns meses fora do País, trabalha em diversos segmentos, mas não se capacita com cursos e MBAs focados em sua área. Embora tenha tido uma vivência importante no exterior, o único aspecto em que ele se diferencia para as empresas é em relação às competências pessoais.

  Já um profissional que, com a mesma oportunidade, cursa um MBA ou um programa de extensão, tem em uma seleção a oportunidade de se destacar por sua experiência efetivamente. Isso porque sua vivência foi direcionada à carreira, conferindo a ele um upgrade de conhecimentos e técnicas em relação aos demais profissionais brasileiros. Essa característica é bastante valorizada no mercado de trabalho cada vez mais competitivo.

  Ou seja, você foi para um exterior, ficou um tempo lá, mas o quê fez de construtivo? Além dos cursos, os passeios culturais, a rede de relacionamentos que construiu e as atividades gerais, mesmo as de lazer, que desenvolveu contam bastante neste "pacote" de conhecimentos.

  Em uma seleção em que concorressem os dois perfis acima, caso os dois preenchessem todos os requisitos para a a vaga de emprego, muito provavelmente o segundo profissional conseguiria o trabalho. Claro que essa análise é ideal. Outros detalhes e aspectos comportamentais de cada candidato são relevantes e seriam analisados em um processo seletivo.

  Em termos gerais, a vivência fora do País é um diferencial importante para profissionais em início de carreira, como trainees e estagiários, que ainda não têm maturidade profissional. Já para profissionais com maior qualificação e experiência, a vivência necessariamente conta mais se for relacionada à sua área de atuação.

  O período atual é de aquecimento do mercado de trabalho. Por essa razão, para cargos e salários mais vantajosos, vale a pena fazer uma pausa na carreira para se desenvolver em um país diferenciado. É o que muitos executivos chamam de "Período Sabático" – NEWSLET ainda irá abordar este tema em uma de suas edições. Esse ganho, a curto, médio ou longo prazo, traz oportunidades de carreira – inclusive em nível gerencial - e de desenvolvimento pessoal que não têm preço.

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